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Linha de trabalho - orientação Humanista ACP

A psicoterapia orientada pela abordagem Centrada na Pessoa (ACP) faz parte da chamada psicologia humanista e fundamenta-se na filosofia existencial de Carl Rogers. Esta filosofia trata da existência humana e considera que primeiro o ser humano existe para depois definir sua essência, o que é feito através de seus atos. 

 

O modelo de homem da abordagem centrada na pessoa é existencialista, dentro da visão sartreana de que o homem é o que ele faz, um projeto que se vive subjetivamente. No existencialismo, segundo Sartre, o homem é responsável por aquilo que é. "Assim o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo o homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir total responsabilidade de sua existência". Na visão de Sartre, o homem é o que ele faz, seu destino encontra-se em suas próprias mãos: "...um homem nada mais é do que uma série de empreendimentos de que ele é a soma, a organização, o conjunto das relações que constituem estes empreendimentos".

 

Rogers trabalha no sentido de desenvolver no cliente características positivas que lhe são inerentes e que contribuem para seu próprio desenvolvimento. Essa visão metafísica de homem merece evidentemente ser criticada. No entanto, ela não elimina o caráter político da psicoterapia centrada na pessoa no sentido de desenvolver a autonomia e a responsabilidade existencial. Buscando fazer com que o cliente descubra seu próprio poder pessoal, Rogers visa sua transformação em um ser responsável por seu mundo.

A partir dessa concepção primária, o processo psicoterapêutico consiste em um trabalho de cooperação entre psicólogo e cliente, cujo objetivo é a liberação desse núcleo da personalidade, obtendo-se com isso a descoberta ou redescoberta da auto-estima, da auto-confiança e do amadurecimento emocional.

 

Há três condições básicas e simultâneas defendidas por Rogers como sendo aquelas que vão permitir que, dentro do relacionamento entre psicoterapeuta e cliente, ocorra a descoberta desse núcleo essencialmente positivo existente em cada um de nós. São elas:

 

  • a consideração positiva incondicional

  • a empatia

  • a congruência

 

Em linhas gerais, ter consideração positiva incondicional é receber e aceitar a pessoa como ela é e expressar um afeto positivo por ela, simplesmente por ela existir, não sendo necessário que ela faça ou seja isto ou aquilo; a empatia, por sua vez, consiste na capacidade de se colocar no lugar do cliente, ver o mundo pelos olhos deles e sentir como ele sente, comunicando tal situação para ele, que receberá esta manifestação como uma profunda e reconfortante experiência de estar sendo compreendido, não julgado; por último, é a congruência a condição que permitirá ao profissional, embora nutra um afeto positivo e incondicional por seu cliente e tenha a capacidade de “estar no lugar” dele, a habilidade de expressar de modo objetivo seus sentimentos e percepções, de modo a permitir ao cliente as experiências de reflexão e conclusão sobre si mesmo.

 

O interessante na abordagem rogeriana é que a aplicação do seu método em psicoterapia, passa por um processo de amadurecimento do próprio psicoterapeuta, já que ele não pode simplesmente apropriar-se da “técnica”, antes que lhe seja próprio e natural agir conforme as condições desenhadas por Rogers. Percebe-se então, por exemplo, que a expressão de uma afetividade incondicional só ocorre devidamente se brotar com sinceridade do psicólogo; não há como simular tal afetividade. O mesmo ocorre com a empatia e com a congruência. Por isso se diz que não existe uma “técnica rogeriana”, mas sim psicólogos cuja conduta pessoal e profissional mais se aproximam da perspectiva de Carl Rogers.

 

Outro ponto a considerar é que após longos estudos, Carl Rogers chegou a conclusão de que as três condições que descobriu são eficazes como instrumento de aperfeiçoamento da condição humana em qualquer tipo de relacionamento interpessoal, tais como: na educação entre professor e aluno; no trabalho entre chefes e subordinados; na família entre pais e filhos ou entre marido e mulher.

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